Há 57 anos a ajudar a ver o Mundo por olhos diferentes
Promover a integração de pessoas com problemas de saúde mental, sobretudo com trissomia 21, levou à criação da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM), a 2 de fevereiro de 1962. Em época de celebrar o 57 º aniversário, faltam verbas para renovar instalações.
À época da fundação da APPACDM, as políticas públicas de apoio eram nulas e foram os pais, com auxílio de alguns profissionais de saúde, que avançaram com o projeto. Agora, na semana em que comemora o 57.º. aniversário, o clima é de festa para os os cerca de 700 utentes, mas, entre os responsáveis, há a preocupação com a falta de capacidade financeira para a renovação das instalações do polo da Ajuda, que acolhe 90 pessoas em regime de apoio ocupacional.
A associação tem várias valências, distribuídas por Lisboa, Almada e Cascais, mas é aquele núcleo junto ao Palácio Nacional da Ajuda que mais preocupa. “O objetivo era encontrar um novo espaço, mas, pelos vistos, o município de Lisboa não tem terrenos disponíveis. Depois, o edifício é do Estado, foi-nos cedido, mas o próprio Estado não pretende intervir naquele património”, explica.
O recurso a meios próprios afigura-se impossível para a associação. “Temos algum património, mas, mesmo que o entregássemos como contrapartida, não chegaria”, explica Mário Matos.
A APPACDM, que, em 1978, inaugurou a primeira creche inclusiva em Portugal, foi crescendo, mas as mudanças na lei entretanto operadas levaram a que as crianças fossem acolhidas pelo sistema público até ao final da escolaridade. Atualmente, a associação presta apoio ao nível de apoio ocupacional, dá formação profissional e tem ainda uma componente residencial. A par disto, os seus técnicos estão também presentes em 13 agrupamentos escolares.
E, como cada utente tem a sua própria história, as estratégias são também diferentes, embora com um objetivo comum: ensinar a viver no Mundo com a noção de que “não são menos que os outros, são diferentes”, destaca o presidente.
Na sala de convívio da sede, na zona do Alto de São João, em Lisboa, os utentes veem televisão, jogam matraquilhos e às cartas. Há entusiasmo, rivalidades futebolísticas e outras. E há também talentos que não se escondem: grupos de teatro, dança, música e até uma rádio amadora. “O objetivo é dar-lhes maior qualidade de vida dentro das suas limitações”, explica Mário Matos, sublinhando que as tarefas diárias “permitem um conjunto de relações sociais que os estimulam”.
Fonte: jn.pt
Jornalista: João Paulo Lourenço